IRAS, IRADASMau verso, transverso.
Diverso do lírico episódio.
Perverso incidente.
Pausa, represa da dor,
Do pendor ao amor.
Pudor do sentir,
Do parir a aventura.
Melancólica desventura !
Oh infame criatura !
Cisão enferma que incide
na planície erma.
Status vegetativo;
Anti-metástase do êxtase.
Garrote do fluxo da seiva.
Percurso sustado no curso
fluente do fluido.
Idílio volátil.
Placebo etílico.
Salicílica solução !
Coma induzido;
Aborto programado,
lirismo protético.
Profético desenlace;
Exílio vaticinado
das vertentes do elo fundamental !
Carmen Moreira
Sete lagoas, Janeiro de 2006
“Saravá Iansã, dos cabelos louros
No mar tem água nas tuas terras tem ouro.” (ponto)
EXALTAÇÃO DEVIDA
Epa Hey ! Minha mãe !
Ergue teu obé,
Abana tua saia
Espana as ervas daninhas do meu espírito,
Com o poder de teu eruexim,
soberana dos egúns !
Exorciza-me o temor,
Revigora- me a chama do amor
Óh rainha da coroa de Xangô !
Transforma minha vida em ventura,
Sopra tua chama que cura,
Cospe o fogo da paixão,
Estende-me tua mão,
Intercede com tua ousadia,
E eu beijarei tua guia,
Altiva mãe de Aruanda !
Livra-me de demanda.
E em teu D’jacutá erguerei,
um monumento ao teu Rei !
Querelas com Ogum, perdoa,
Pois já é tua a coroa ,
Rainha da tempestade !
Rendo-me à tua vontade:
Em ORUM irei te encontrar,
Ajoelhada em teu altar,
Onde reinas altaneira,
valente Deusa guerreira!
Carmen Moreira
Sete Lagoas, 4 de dezembro de 2005 ( dia de Iansã)
VENCER DEMANDA
Nas esferas celestiais,
rompam-se os grilhões:
fratura esotérica de sortilégios;
articulações na ordem vertical cósmica dilacerada.
Afetar as estrelas !
Retomar a sintonia da partitura partida.
Musicalidade saturada, distorções acústicas !
Não a dissonância, esperto expediente para harmonias inusitadas:
Burlar a bula do cânone sonoro.
Azar !
É no quadrante horizontal do liame,
Que o frágil frasco frangalha.
Coisa feita !
Carmen Moreira
Sete lagoas, janeiro de 2006
