segunda-feira, janeiro 20, 2014

FRENTE AO ESPELHO

.."Oh Tempo Rei!

Transformai As velhas formas do viver

Ensinai-me, Oh Pai!O que eu, ainda não sei

Mãe Senhora do Perpétuo Socorrei!...( G.Gil in "Tempo Rei")


 

   De repente, veja bem, tudo está muito envelhecido!

As coisas eram só aparentemente "dadas", porque estavam integradas a sua vida,

Tudo falsamente, pois falta menos de um instante para libertar-se dos andrajos que nem eram, na verdade, seus: jaziam apertados, a cintura fora do lugar, curtos...

Considere que você se equivocou, lançou mão, bobamente, do que nem lhe pertencia.

Volte, pois, ao que realmente é; você está frente ao espelho do guerreiro. Abra um espaço, pois a batalha levará  menos do que  alguns segundos.

A suprema proteção disponível nesse intento é uma só: a retidão. Isso é com você mesmo; não fez outra coisa a vida inteira. Continue na trilha.
A dor virá, certíssimo, mas não a espante como das outras vezes, mais do que nunca precisa dela, prenda-a junto a si.

 A única certeza, no momento é o seu progresso! Torne-o um evento transparente.

O mundo é dinâmico, continue acreditando nisso e remova os limites que lhe são por demais familiares;

 Tudo vai ficar fora do seu tempo, exorcize o velho, deixe chegar o que precede o nascimento e isso custa: medo, risco e dor.

Só pra lhe avisar: é a derradeira oportunidade!

quinta-feira, janeiro 09, 2014



"Ao fim: Que eu esqueça os fundos, os absurdos, os desmundos e faça de mim mesma a flor na água, a prece clara, o céu limpo" (P. Antoniete)


"







ADÉLIA E AMÉLIA



  Queria tanto ser ADÉLIA por dentro:Ver lirismo na labuta tosca de seu amado ao limpar um peixe:


 “ele fala coisas como "este foi difícil""prateou no ar dando rabanadas" 


...mas, ao contrário, por dentro, envelheço-AMÉLIA; por fora, CARMEN....a MIRANDA, o que é pior.

 Nunca uma ADÉLIA!


Ademais, nada que é tosco me agrada e tampouco sou refinada e se sou ou fui, considero abominável: sempre gostei dos “fundos”, fundos de minha casa, fundos do quintal, , fundos da garagem, onde estavam os entulhos, fundos dos baús, fundos da alma, onde jaz a dor e o amor verdadeiros, enfim, do simples, do modesto, do humilde!  Acho que buscava a essência, a profundidade, ou a surpresa?


 Minhas bonecas mais queridas eram bruxas de pano. Algumas eu mesma fazia.. Que contraste nefasto, não fosse eu geminiana e tacitamente dividida!

Nada adianta:
Cheia de achaques e degenerações implacáveis do tempo; sobem as taxas em exames, na medida da profusão de  balangandãns  e  penduricalhos.


É um consolo!
A peteca não vai cair de um todo, pelo menos na proporção do resto. 

Carmen: 2014   

sexta-feira, janeiro 03, 2014

DE VOLTA À POESIA

DESENLACE









Quando a dor era evidente,

A solidariedade suplicante.

Viu-se   uma bondade panfletária;

Generosidade de folder!

Amizade  cenográfica!

Nem gentileza caracterizava,!

Até  bula  é mais convincente,

Com seu texto decorado, um estudo, apenas!

Urge o gesto: no caso em questão. 

 Tudo se revelaria  na encruzilhada,

Onde  carece a urgência da mão estendida;

A prova desinteressada do gesto que ampara!

Junta do chão, traz a atadura,

Estanca o sangue, ou nem tanto,

Basta que refresque com uma compressa qualquer;

Nesses casos, são  doenças  solidárias.

Andam de mãos dadas, por anos à fio,

Para impedir  o mútuo auxílio,

Nem culpados nem inocentes;

Bem  mais grave do que conflito ou dilema;

Cuja dissolução é certeira.

Ultrapassa a simples divisão de almas.

Um vínculo conectado ao arcaico,

Simbiótico, fadado à morte,

Mas que nem chegou a nascer!

CARMEN

Porto Alegre,2011