quinta-feira, janeiro 09, 2014



"Ao fim: Que eu esqueça os fundos, os absurdos, os desmundos e faça de mim mesma a flor na água, a prece clara, o céu limpo" (P. Antoniete)


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ADÉLIA E AMÉLIA



  Queria tanto ser ADÉLIA por dentro:Ver lirismo na labuta tosca de seu amado ao limpar um peixe:


 “ele fala coisas como "este foi difícil""prateou no ar dando rabanadas" 


...mas, ao contrário, por dentro, envelheço-AMÉLIA; por fora, CARMEN....a MIRANDA, o que é pior.

 Nunca uma ADÉLIA!


Ademais, nada que é tosco me agrada e tampouco sou refinada e se sou ou fui, considero abominável: sempre gostei dos “fundos”, fundos de minha casa, fundos do quintal, , fundos da garagem, onde estavam os entulhos, fundos dos baús, fundos da alma, onde jaz a dor e o amor verdadeiros, enfim, do simples, do modesto, do humilde!  Acho que buscava a essência, a profundidade, ou a surpresa?


 Minhas bonecas mais queridas eram bruxas de pano. Algumas eu mesma fazia.. Que contraste nefasto, não fosse eu geminiana e tacitamente dividida!

Nada adianta:
Cheia de achaques e degenerações implacáveis do tempo; sobem as taxas em exames, na medida da profusão de  balangandãns  e  penduricalhos.


É um consolo!
A peteca não vai cair de um todo, pelo menos na proporção do resto. 

Carmen: 2014   

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