sábado, novembro 30, 2013

PSICOPATOLOGIA: Aportes sobre a depressão

"Depressão: nem mencione o inferno se você nunca esteve nele" (Carmen M. Moreira)






-Texto feito em sinopse, à pedido de alunos e enviado por e-mail hoje, podendo ter outros desdobramentos assim que vierem as perguntas prometidas- 

                                             

                                            *********************                                      


Depressão:  doença mental  no âmbito das neuroses, a qual muito raramente leva a pessoa a perder a consciência do seu  estado mórbido, como acontece com as psicoses.


                    Lembrando sempre que a diferença entre a neurose e  a psicose é uma questão de grau e de evolução de um nível de patologia a outro.  Contudo, existem níveis de depressão que representam um perigo real para o paciente, pois o grau extremo poderia levar ao suicido.         Fala-se de “depressão à nível neurótico” ( não há perda de contato com a realidade) e depressão à “nível  psicótico” ( o doente perde a noção de tempo, espaço e deforma a percepção de seu contexto com os mecanismos de ilusões e alucinações, disponíveis como defesas, mas defesas desadaptadoras).

         A depressão inicia num sentimento comum ao ser humano: a tristeza, seu componente normal; a doença começa a se estabelecer quando esse sentimento passa a ser fomentado por sintomas de auto-desvalorização, perda da autoestima, sentimento de solidão, desesperança, negativismo, pessimismo extremado, afora os concomitantes orgânicos, como falta de apetite, descuido pessoal, angústia, palpitações, choro imotivado, lamentações, sudorese, insônia, e pensamentos recorrentes e obsessivos todos de conteúdo negativo...       Enfim, mesmo não sendo um quadro de mau prognóstico é uma das enfermidades que mais infringe sofrimento ao paciente, bem como aos circundantes, porque não logram êxito nas tentativas de ajuda.      

           Conhecemos  dois tipos fundamentais de depressão, os quais determinam, em parte, o prognóstico.: a “depressão exógena”, desencadeada por acontecimentos da vida, como fatores traumáticos pela perda de entes queridos, emprego, situações de frustração com casamento, filhos, problemas de saúde e outros de maior ou menor relevância real.   Aqui existe um desencadeante real, mas as oscilações nas reações das pessoas são subjetivas e  surpreendentes pela desproporção, o que indica uma saúde mental maior ou menor na base da estruturação da personalidade; um arsenal de defesas maior ou menor. Exemplo: uma pessoa perde um filho e não adoece emocionalmente em que pese a dor e o sofrimento; diz-se que tem defesas para elaborar a dor. Outra perde um posto na sua empresa e  não consegue um ajustamento, nem defesas compensatórias para lidar com a frustração, a qual evolui para sintomas depressivos, podendo até chegar ao suicídio.

             O outro tipo de depressão é a  “endógena”... nessa, não se faz necessário um desencadeante externo, pois ela é incipiente e tem origem na falha das defesas disponíveis no sujeito para que ele mantenha reprimido conteúdos que o atormentam.

         Assiste-se, então, uma invasão mais ou menos abrupta de “fantasmas” do inconsciente que ganham atualidade e começam a derrubar o equilíbrio, dada a violência de seu surgimento. 

           Aqui, fica muito evidente a predisposição genética ou hereditária para essa patologia.         
            No final dos anos noventa ficou conhecida a grande notícia de que a depressão tem uma  causa orgânica considerável e isso mudou a abordagem, a compreensão, a terapêutica  e as intervenções.        
       Hoje, é praticamente impossível admitir tratar uma depressão sem usar os monumentais recursos medicamentosos que a ciência médica tratou de multiplicar  nesses anos todos.

            Nas farmácias são muitas prateleiras com medicamentos disponíveis para os mais variados tipos de quadros, sintomas e organismos, esperando-se respostas muito diferenciadas e peculiares; cada vez vão se especificando mais os tipos de depressão e seus sintomas.(necessário mencionar as depressões evolutivas, essas, recursos salutares para impulsionar o ser humano à novas etapas em seu desenvolvimento. Admite-se que é impossível evoluir sem dor; à cada passagem faz-se necessária a elaboração do luto do que se foi deixando para trás)         

         Voltemos ao grande marco no trato dessa patologia, a medicação: os profissionais, prescrevem experimentando o que mais alivia o sofrimento, no menor espaço de tempo. Assim, não se admite mais uma abordagem tão somente dinâmica (psicológica), psicoterápica que trata dos construtos abstratos dos quadros, embora a psicoterapia seja imprescindível e deva ser indicada concomitantemente  ao  uso de medicação. A explicação para a necessidade de medicar  é a carência ou falta, insidiosa ou aguda, do aminoácido  SEROTONINA no cérebro. Portanto, trata-se, praticamente, de uma terapêutica de reposição.



“ (A serotonina parece ter funções diversas, como o controle da liberação de alguns hormônios e a regulação do ritmo circadiano, do sono e do apetite. Diversos fármacos que controlam a ação da serotonina como neurotransmissor são atualmente utilizados, ou estão sendo testados, em patologias como a ansiedade, depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia, entre outras.)”  in WIKIPÉDIA



             Resumindo, a depressão tem, pois, causas orgânicas (genéticas e ou hereditárias) e dinâmicas, baseadas nas vivências infantis e contexto de vida das pessoas,ou seja, são traços de caráter  que se constroem  a partir do desdobramento da bagagem genética, resultando no que se conhece por personalidade. 

           Alguns indivíduos são, pois, mais vulneráveis, por tudo isso que foi mencionado acima, outros dispõe de menos  probabilidade para o desencadeamento  de um quadro depressivo em qualquer dos seus níveis.





CARMEN MOREIRA  em 29/11/2013    

 

terça-feira, novembro 26, 2013

PREITO DE AMOR E GRATIDÃO

Troquem-se as dores em beijos,
  do luto, arranque-se o véu
  irmãos, o preito é devido .....” (Lobo da Costa)





              O cenário era o mais simples, não o mais corriqueiro: uma capela mortuária, uma urna modesta, em volta alguns  familiares e amigos de descendentes de colonos,  trabalhadores humildes.
                       Na esquife jazia o corpo  precocemente envelhecido de uma mulher de 48 anos, aparentando mais de 70, pelos maus-tratos da vida e da doença. Uma  pequena grande mulher; um exemplo de servidão humana, sem nunca ter perdido a altivez, a rebeldia e a força de fazer valer suas idéias, mesmo que equivocadas.
                  Ela havia entrado em minha vida há  pouco tempo, uns  dois anos.  Não trabalhou para mim, mas trabalhou comigo, o que tem uma boa diferença.
                    Chegou como se nos conhecêssemos há muito tempo e , sem pedir licença, com ousadia, fez-se íntima. Por alguma razão que não saberei explicar, aceitei passivamente essa inserção em todos os setores de minha vida.
                  Quis introduzir modificações em minha casa: plantou flores em meu jardim, mudou , para melhor, a disposição de alguns móveis, pôs entulhos fora e  me tratava por “tu”, desconsiderando sua posição, ou mesmo a diferença de idade entre nós. 
              Desacatava, sem cerimônia, um pedido simples meu como: “não precisa lavar os vidros”. Lavava-os se achasse que era devido.
                Aquela figurinha miúda, deslizava de maneira etérea pela casa  numa rapidez  e eficiência , com uma urgência de cumprir tudo a contento, que me deixava cansada! 
                Em meu trabalho, também a introduzi e , óbvio, queria me ensinar coisas que eu sabia mais, mas também aprendi coisas importantes com ela. No entanto, era facílimo de lidar com sua insubordinação: com humor, dava-se por vencida; com ar debochado, seu protesto, cedia.
               Vez  por outra, ou muito freqüentemente, me tomava por consultora de seus problemas, de sua saúde, de seus amores e desamores. Fingia não ouvir quando eu dizia que não sabia sobre tal assunto; colocava pilhas de resultados de exames na minha frente e queria um diagnóstico, um parecer, mesmo que o médico já tivesse se posicionado. Sem o meu aval, nada feito ... Por quem ela me tomava ? Morreu com ela esta resposta .
            Quando ela me chegou, jamais perguntou qual a minha profissão, religião, ou estado civil, mas agia como se soubesse  de  tudo. Atribuía-me uma onipotência absoluta no que ela queria saber, mas, contraditoriamente, impunha seu jeito de fazer as coisas. Difícil brigar com ela, aliás impossível, porque acedia, rindo, inteligentemente, como quem sabe de seu atrevimento.
           Obsessiva, teimosa, muitas vezes perguntava por perguntar,  acabava fazendo como queria ; ciumenta, possessiva, temia que outra pessoa fosse fazer o que lhe competia; virginiana compulsiva, arrastava-se no chão para ir até o mais recôndito cantinho onde uma poeira teimasse em se esconder.
         Assim era o perfil  desse estranho ser; meio mulher, meio velha, meio moleca, meio guria, meio masculina, meio empresária, meio cliente, meio patroa, meio empregada, enfim, difícil uma definição clara de sua personalidade !
          Teve dois filhos de paixões diferentes, mas nunca se casou ; um rapaz  com 24 anos e uma moça com 17 , quando os vi pela última vez naquela primavera ventosa do sul.
      Dedicava-se muito a todos, descuidando dela própria. Doente, pois já havia retirado dois tumores de pele no espaço de um ano, afora outras complicações ; hipertensão e , por último diabetes, o que veio a ser o fator decisivo para sair dessa vida.           
        Soube que eu adoro manjericão, plantou um pé no meu jardim; louro bastante no feijão, roubou galhos e mais galhos da vizinha, cuja árvore adentrava meu quintal. Amiga de todos em volta , ou dos que chegavam. 
          Era , aparentemente, seca, mas seus olhos umedeciam com facilidade: virginiano tem fobia afetiva, mas é capaz de amar  muito, secretamente.  Isso faz sofrer!  
           Acho agora, que sempre soube que eu lia seu coração bondoso e que eu a amava do jeito que ela gostava de ser amada, sem declarações, sem arroubos, sem afrontas , mas com gestos.
         Na primeira visita que fiz a ela no hospital, cheguei fazendo cócegas em suas pernas, sem dizer nada,  seus olhos se abriram, brilharam !!!
         Pelo menos uma vez, enquanto ainda estava trabalhando, me disse, sem cerimônia, com uma vassoura ou pano na mão:
 - estou morrendo!  
       Eu respondi com algo do tipo:

- que bom, uma a menos pra incomodar !! Aí  ria e acreditava, por certo , que ela estava enganada, mas eu não estava, infelizmente...
    
            Alguma coisa me dizia, no entanto, em  que pese seu amor pelas coisas da vida, pelas festas, pelos filhos, pelas plantas, enfim, que morrer não era algo ruim para ela; sua sabedoria intuitiva gozava com essa ideia, talvez um gozo ligado ao sossego, à paz, ao descanso, daí o fato de negar tanto sua debilidade física.

          Não choro, de modo algum, porque seria egoísta, a falta que ela me faz; a saudade de sua presença sólida, eficiente, resoluta, querida, grosseiramente carinhosa, mas chorei com uma ressonância dolorosa  no peito,  ao assistir o carinho e gratidão de seus dois filhos, tanto durante a enfermidade, quanto na despedida derradeira; ambos , de mãos dadas, acarinhavam a mãe e a “consolavam” , numa espécie de diálogo. Eu ouvi:
    -  mãezinha, querida, trabalhaste tanto, por nós, por todos, agora descansa...
    Que prova incontestável da mulher maravilhosa, da verdadeira mãe !
Ah, ia me esquecendo, o único homem que amou, penso eu, pelo que colhi em nossas confidências, estava lá. O pai de sua filha. Quieto, cabeça baixa, mas solidário. Ela merecia e como !!


domingo, novembro 10, 2013

"pas de deux VIRTUAL"


"Somos palavras trocadas por fio.
Temos amigos, temos amor,
Temos a distancia como amiga.
A tela como rosto,
O teclado como voz.
Somos internautas".(Autor desc.)
 
DUELO EM POESIAS


ELE
 
MINHA VERDADE...
É FEITA DE VERDADE
DE TODA GENTE A QUAL TOLHEM A LIBERDADE
DE TODA LIBERDADE QUE FALTA A QUEM NÃO Vê DE VERDADE
QUE MEU MUNDO É SEM QUALQUER NACIONALIDADE E NÃO GUARDA IDENTIDADE COM O MUNDO DE VERDADE

 

NÃO É DE BRINCADEIRA...
A AUSÊNCIA DE LIMITES OU FRONTEIRAS
NA DIVISA SEM DIVISAS EM QUE REINA A PAZ E A BRINCADEIRA
DE QUEM NÃO LEVANTA FRONTEIRAS
 NEM DIFERE COM QUEM BRINCA
A PAZ PERTENCE AQUELES QUE NÃO LEVANTAM FRONTEIRAS
SEJA QUAL FOR A BRINCADEIRA
 
EU

 
NÃO SE FAÇA DE BONZINHO !
Eu não caio na sua falácia !
.Entre a paz e a brincadeira existe uma
Linha de fronteira, onde disfarçada de paz,
Surge, já na clareira, uma perversa brincadeira
Bem no miolo está a mentira maldosa:
Não falta qualquer liberdade,
Justamente pra quem não vê de verdade.
A paz e a brincadeira não reinam onde há
Ausência de limites ou fronteiras.
Nesse espaço desorganizador, reina absoluta
A falta de respeito com quem é de verdade;
Com quem busca a verdade; com quem não teme
Mostrar o rosto em respeito aos limites e as fronteiras
Da tolerância humana ...
 Eu, vivendo e aprendendo a jogar !
ELE:
 
Te amo loka.?.
Adoro teu jeito 1/2 spy de ser.
Mata Hari, mata.!.
acho que vc já tatuou minha pele de alegria.
"Faz o que quiseres pois é tudo da lei", de lei loka.
Onde Desvairou.?.
Também. persisto na vigília a meus amigos.
..fizestes um virtual vínculo inacabável.
Tô redondinho e a 1000 por hora. A tarde aki é de babar.
O sol derrama raios indecentemente deliciosos ao corpo. Bjo, vc percorre livremente meu espírito. Divirta-se.!.
rindo de alegria...

EU:
...pois loko
Quero mais a mão no meu rosto passada bem de leve !
O murmúrio de uma canção do Ivan Lins, ou
Luiz Vieira, mesmo.

Coisa extemporânea, não faz mal !
Quero uma poesia inadvertida, súbita, mesmo que mal rimada..
Qualquer rima me afaga !
Quero um olhar de qualquer cor, desde que seja sincero e profundo e fale por si...
Quero esse mesmo olhar, demorado, pousado no meu olho por horas a fio..
Quero um mimo na forma de, por exemplo, um chocolate quente, com merengue  polvilhado de canela, trazido NA CAMA, depois...
Quero, se sexo for inevitável, permanência, mais do que vigor ou proeza..na calma tudo é embalo, como uma valsa francesa...

SÓ ISSO ! e JÁ É MUITO ...

ELE:
VC assistiu "O DIA EM QUE A TERRA PAROU"?
Hoje estava bem ao meu jeito um silêncio vazio.
Era tanto silêncio que até eco fazia.
Onde foi todo mundo no mesmo dia?
Gosto desse vazio silencioso e saí caminhar sozinho.
Algumas passadas ecoei nas calçadas e voltei ouvindo o silêncio bom da madrugada.
Assisti um filme baseado no meu game predileto.
'DOOM', conhece ou está condenada a procurar conhecer?
 
EU
Vc não faz parte da minha rede, obviamente porque não nos haviamos encontrado.
Não costumo falar com estranhos,mas não tenho coragem de rechaçar um Homem, muito menos com esses olhos, com esse semblante latino, com esses sulcos na face que , matreiros, revelam, nao sua idade, que tem a menor importância.

Além de LINDO, vejo-o também ASSUSTADO com a suposição de UM DIA A TERRA PARAR . Mera ficcção !
Nada me condena, por enquanto, a procurar conhecer seu game predileto.
Nem tenho curiosidade, posto que seu ar lúgubre me faz pensar que seja algo aterrador.
Ando mais em sintonia com a luz, espaços preenchidos e não com o vazio que lhe parece  ser fascinante.
Sabe  qual experiência me reportaria à  sensação de "terra parada" ? se alguém por quem eu estivesse encantada, alguém que tivesse feito brilhar uma luz no meu escuro caminho, alguém que eu tivesse encontrado em algum lugar, não importa, onde em que contexto, ME TRAISSE, fizesse eu perder a confiança no que dizia ser. Jamais em ouvir palavras ásperas para proteger a mim mesma. ISSO É AMOR!
 
Ano: 2006
 
PS: onde fomos parar?.. como fomos abdusidos um do outro? Vc ainda vive?




 

quarta-feira, novembro 06, 2013

PASSAGEM UMBRALINA

Passagem umbralina (reminiscências)



 
                          Esquece que és brasileiro. Aproveita essa chance para viver uma outra vida; mesmo que uma vida emprestada, mas ao fim e ao cabo, SOMOS TODOS HERMANOS ! ( não tenho, hoje, qualquer idéia,do porque, na época, escrevi essa frase, mas ainda vou lembrar!)...Será que eu estaria pensando em me exilar? Estou sempre com uma mala atrás da porta (mala e porta espiritual, evidente!)

 RUIM,,, é ter que "viajar" 100 km,pra ir votar:, numa faixinha de terra, atrás de uma BR; numa rocinha metida à urbe; num coleginho com cheiro a tudo: banana ensacada, fritura de churros,roupa lavada com sabão vagabundo, latrina sem papel,  aberturas verde-mangueira e pátio sem piso, levantando poeira da ventania da primavera.
            Tudo isso  pra votar num CANDIDATO,com nome de ave: qualquer coisa como avestruz, não, menos, menos, papagaio? Periquito? Sei lá!  Era o menos pior!  Mesmo que tivesse alguma chance, seria apedrejado por uma corja de bagunceiros, irresponsáveis, que nem 

  matam, mas que NÃO DEIXAM GOVERNAR !

             Eles nem bom psicopatas são, pois acabam denunciados pelos seus pares e pelas suas própria burrices! (e eu, pra me massacrar, revejo aqueles vídeos dos comícios em que estou fazendo campanha pra essa corja! Isso é que é ter cornos! Sou uma cornuda compulsiva!)

Quando isso vai acabar?

            Não me adianta que acabe depois de mim,  porque eu vou estar naquela chatice do “NOSSO LAR”,  lavando roupa espiritual e as cácas minha e dos outros e como creio ter merecimento, verei tudo e nem vou chorar porque sou guerreira (todos acham isso! Pqp!), vou, contudo, praguejar e ainda ter que aturar um EMMANUEL GENÉRICO me mandando ser virtuosa e dizendo que vai me dar 3 conselhos:

1.PACIÊNCIA

2.PACIÊNCIA

3.PACIÊNCIA

...vão se catar! ...nem ver a minha mãe eu vou, pq ela que acreditou em rezas à quilogramas, vai estar sendo doutrinada para FAZER ALGO DE MAIS ÚTIL, do que acreditar em babacas...e ainda serei citada por seu mentor:

-“Não vê sua filha, ajudou esse governo a crescer, fez campanha, tratou seus membros maconheiros, cocaineiros, bêbados, palhaços, marcianos, canibais, lírios pirados,dançando, dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria dos FARAÓS EMBALSAMADOS!!  (mas isso já é um hino do meu amado JB, o compositor, não o wisky)

 

... e deu no que a sua filha? Numa mísera professora Federal,aposentada, ganhando uma merreca, porque os sindicatos de sua categoria são alinhadíssimo com esses marginais da corte e brincam de fazer greve e a oligofrênica acretida!!!!

Dona Nina, quer saber? De graças por sua filha não estar rastejando no Umbral pra aprender.....inclusive a ser, pelo menos, mais higiênica numa próxima e não andar mais por aí bajulando seus inimigos!

Bem feito!!

 

 


sábado, novembro 02, 2013

DIA DE NOJO




DIA DE NOJO 

(Rubens Enderle, lá em Florença, vai gostar dessa prosa familiar, mas vai me cobrar alguma coisa.rs)

                      Estou de luto.  Bem ao gosto do dia de hoje; dark total e alma constrita, mais a tarja preta e o fumo na porta. Graças à relatividade do tempo, estou chorando por minha mãe!

 Saudade dela que estava a merecer um pranto que lava a alma e deixa seu fluido benfazejo em mim, enquanto ela ascende mais e mais à luz!

                      Chorar era com ela; uma pessoa fundamentalmente emocional, na alegria e na tristeza. Vivaz, esperta, uma aquariana legítima, com seus fados e suas manhas, com muito pouca cultura, mas o suficiente para se portar como uma dama, à altura de seu culto marido. Jamais cometeu uma gafe! No entanto, lembro  dela estar sempre a cuidar os resvalões sociais de meu pai, um artista desastrado que acabou, mesmo, morrendo de desastre em via pública.

                      Paulo de tal, um excelente terapeuta que frequentei, ousou um dia julgá-la pretensiosa, quando eu relatava um de seus emocionantes lances de humildade: indignação total! O grosseiro, inda que competente , não conseguiu captar a profundidade de seu gesto: falava-lhe eu dos muitos momentos em que se sentia tão feliz em estar casada com meu pai que ao saber da infelicidade matrimonial de uma de suas tantas amigas, omitia seu estado para não gerar comparações, ou coisa parecida. Dizia-me ela:

-comadre Maria é tão infeliz com compadre João, que nem lhe contei da viagem que fizemos à Montevidéu: dançamos tango  a  noite inteira de rosto colado e ele cantou no meu ouvido todos os que sabia a letra!

Então isso autoriza a um médico  chamar minha carinhosa e elegante mãe de arrogante? Mesmo eu tendo informado que essa foi uma confissão feita num cochicho muito reservado a mim, a filha mais velha e sua melhor amiga?  Verdade que essa amizade só pode se estreitar em minha adultez, vencida a  indefectível e saudável  “encrenca edipiana” ; isso foi duro, meu pai era um pitéu! (psiu!). Então antes dos 18 anos eu estava quase livre desse romance familiar. Ufa, que alívio!

                    No entanto, ainda me agrada lembrar com certa doçura e orgulho o fato de: ao saber que eu havia sido aprovada em tudo o que se exigia para entrar no Curso de Psicologia na capital, tentou fazer e fez uma “ceninha” de puro ciúme, mas minha sábia e inculta mãe interferiu:

                      -não liga pra ele! Vai sim, minha filha, aqui não tem esse curso. Vais valer muito mais no futuro; deixa que eu acomodo ele.  Assim, habilmente, mamãe cortou a tentativa  velada de posse, sobre sua primogênita, de meu amado pai: ingênuo e desastrado!

                      Parei de chorar um tantinho para almoçar com uns amigos novos aqui da minha praia e a iguaria era “cozido” , em minha casa se dizia “fervido” ou “puchero” como os castelhanos vizinhos. Lembrei dela, claro!  Sempre me intrigou o fato de não sendo a mãe de origem rural, ter um galinheiro nos fundos da casa e, sendo, uma cozinheira de mão cheia era especialista em “Galinha ao molho pardo” . Muita incongruência: delicada e linda, tão urbana para ter galinheiro, ia até lá,  escolhia a mais gorda de suas bem cuidadas frangas, torcia-lhe o pescoço e com uma faca cortava a penosa para lhe tirar o sangue. Abaixo já esperava um pote com vinagre para o sangue não talhar. Alí estava  a matéria prima com que ela preparava o melhor molho pardo do mundo. Andei por tantos e tantos lugares nessa vida e nunca achei algo sequer parecido. Tinha pão torrado em baixo. Ah, como lembro dessa delícia!

                       Meu pai amava as filhas, tenho certeza disso, mas sempre primeiro ela. Sempre ela, sua morenice galega, dentes brancos, olhos enormes e bem pretos, um sorriso de deusa, simples, uma simpatia irradiante  espalhava candura e sedução e ele morria de ciúme. Aliás, um do outro. Mas isso é outra história que cabe num longo texto e merece.

                       Ganhei grande parte de meu tempo contemplando essa felicidade: eu tinha ao vivo, numa tela gigante uma gigantesca história de amor, mesmo que vivesse no Cine Capitólio assistindo romances que marcaram época. A época em que  ainda se podia esperar alegria: Que difícil ficou a vida conjugal depois deles e nos tempos que se seguiram, para quem presenciou esse idílio!  Tudo depois deles me parece competitivo,  mercantil, safado, mal intencionado ; uma aura de corrupção, falsidade, assolou as relações de amor! Que amor? O consumismo e a voracidade decorrente, fazem da traição uma saída contumaz, poderosa e triste.  Nossos meninos são filhos da concorrência. Assistem inflamados discursos para ver quem sabe e pode mais.

 CHEGA DE BLASFEMAR, eu vim para chorar!

            Ao sair da casa de meus amigos, depois do almoço, passei no camelô e pedi à moça:

-Dá-me óculos bem escuros para chorar no dia dos mortos. A moça perguntou:

-por que, a sra perdeu alguém recentemente?

Eu disse: - não, eu perco todos os dias em que me lembro da figura amada de minha mãe!

********************************************
Chamei Drummond para me consolar:

“Por que Deus permite que as mães vão se embora?

Mãe não tem limite. É tempo sem hora.

Luz que não se apaga quando sopra o vento e a chuva desaba.

Veludo escondido na pele enrugada....

Mãe na sua graça é eternidade.

Por que Deus se lembra mistério-profundo de tirá-la um dia?

Fosse eu rei do mundo baixava uma lei:

Mãe não morre nunca.

Mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.