sábado, novembro 30, 2013

PSICOPATOLOGIA: Aportes sobre a depressão

"Depressão: nem mencione o inferno se você nunca esteve nele" (Carmen M. Moreira)






-Texto feito em sinopse, à pedido de alunos e enviado por e-mail hoje, podendo ter outros desdobramentos assim que vierem as perguntas prometidas- 

                                             

                                            *********************                                      


Depressão:  doença mental  no âmbito das neuroses, a qual muito raramente leva a pessoa a perder a consciência do seu  estado mórbido, como acontece com as psicoses.


                    Lembrando sempre que a diferença entre a neurose e  a psicose é uma questão de grau e de evolução de um nível de patologia a outro.  Contudo, existem níveis de depressão que representam um perigo real para o paciente, pois o grau extremo poderia levar ao suicido.         Fala-se de “depressão à nível neurótico” ( não há perda de contato com a realidade) e depressão à “nível  psicótico” ( o doente perde a noção de tempo, espaço e deforma a percepção de seu contexto com os mecanismos de ilusões e alucinações, disponíveis como defesas, mas defesas desadaptadoras).

         A depressão inicia num sentimento comum ao ser humano: a tristeza, seu componente normal; a doença começa a se estabelecer quando esse sentimento passa a ser fomentado por sintomas de auto-desvalorização, perda da autoestima, sentimento de solidão, desesperança, negativismo, pessimismo extremado, afora os concomitantes orgânicos, como falta de apetite, descuido pessoal, angústia, palpitações, choro imotivado, lamentações, sudorese, insônia, e pensamentos recorrentes e obsessivos todos de conteúdo negativo...       Enfim, mesmo não sendo um quadro de mau prognóstico é uma das enfermidades que mais infringe sofrimento ao paciente, bem como aos circundantes, porque não logram êxito nas tentativas de ajuda.      

           Conhecemos  dois tipos fundamentais de depressão, os quais determinam, em parte, o prognóstico.: a “depressão exógena”, desencadeada por acontecimentos da vida, como fatores traumáticos pela perda de entes queridos, emprego, situações de frustração com casamento, filhos, problemas de saúde e outros de maior ou menor relevância real.   Aqui existe um desencadeante real, mas as oscilações nas reações das pessoas são subjetivas e  surpreendentes pela desproporção, o que indica uma saúde mental maior ou menor na base da estruturação da personalidade; um arsenal de defesas maior ou menor. Exemplo: uma pessoa perde um filho e não adoece emocionalmente em que pese a dor e o sofrimento; diz-se que tem defesas para elaborar a dor. Outra perde um posto na sua empresa e  não consegue um ajustamento, nem defesas compensatórias para lidar com a frustração, a qual evolui para sintomas depressivos, podendo até chegar ao suicídio.

             O outro tipo de depressão é a  “endógena”... nessa, não se faz necessário um desencadeante externo, pois ela é incipiente e tem origem na falha das defesas disponíveis no sujeito para que ele mantenha reprimido conteúdos que o atormentam.

         Assiste-se, então, uma invasão mais ou menos abrupta de “fantasmas” do inconsciente que ganham atualidade e começam a derrubar o equilíbrio, dada a violência de seu surgimento. 

           Aqui, fica muito evidente a predisposição genética ou hereditária para essa patologia.         
            No final dos anos noventa ficou conhecida a grande notícia de que a depressão tem uma  causa orgânica considerável e isso mudou a abordagem, a compreensão, a terapêutica  e as intervenções.        
       Hoje, é praticamente impossível admitir tratar uma depressão sem usar os monumentais recursos medicamentosos que a ciência médica tratou de multiplicar  nesses anos todos.

            Nas farmácias são muitas prateleiras com medicamentos disponíveis para os mais variados tipos de quadros, sintomas e organismos, esperando-se respostas muito diferenciadas e peculiares; cada vez vão se especificando mais os tipos de depressão e seus sintomas.(necessário mencionar as depressões evolutivas, essas, recursos salutares para impulsionar o ser humano à novas etapas em seu desenvolvimento. Admite-se que é impossível evoluir sem dor; à cada passagem faz-se necessária a elaboração do luto do que se foi deixando para trás)         

         Voltemos ao grande marco no trato dessa patologia, a medicação: os profissionais, prescrevem experimentando o que mais alivia o sofrimento, no menor espaço de tempo. Assim, não se admite mais uma abordagem tão somente dinâmica (psicológica), psicoterápica que trata dos construtos abstratos dos quadros, embora a psicoterapia seja imprescindível e deva ser indicada concomitantemente  ao  uso de medicação. A explicação para a necessidade de medicar  é a carência ou falta, insidiosa ou aguda, do aminoácido  SEROTONINA no cérebro. Portanto, trata-se, praticamente, de uma terapêutica de reposição.



“ (A serotonina parece ter funções diversas, como o controle da liberação de alguns hormônios e a regulação do ritmo circadiano, do sono e do apetite. Diversos fármacos que controlam a ação da serotonina como neurotransmissor são atualmente utilizados, ou estão sendo testados, em patologias como a ansiedade, depressão, obesidade, enxaqueca e esquizofrenia, entre outras.)”  in WIKIPÉDIA



             Resumindo, a depressão tem, pois, causas orgânicas (genéticas e ou hereditárias) e dinâmicas, baseadas nas vivências infantis e contexto de vida das pessoas,ou seja, são traços de caráter  que se constroem  a partir do desdobramento da bagagem genética, resultando no que se conhece por personalidade. 

           Alguns indivíduos são, pois, mais vulneráveis, por tudo isso que foi mencionado acima, outros dispõe de menos  probabilidade para o desencadeamento  de um quadro depressivo em qualquer dos seus níveis.





CARMEN MOREIRA  em 29/11/2013    

 

Nenhum comentário: