quarta-feira, setembro 07, 2005

SEREMOS OS MESMOS ?

"Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração....
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais"
(Belchior)







RUBENS 1918-1973 (última foto)












ÍRIDE 1921-1984 (última foto)

Sobre eles, escrevi em 2001:

"....meu pai só trabalhava à tarde no BB e à noite na Universidade...

....O café vinha numa bandeja, na cama para os dois que ficavam conversando e rindo até quase meio-dia. Ela tricotava com lerdeza e perfeccionismo; ele ligava todos os aparelhos ao mesmo tempo, rádio, depois TV. Vários jornais desfolhados perto da cama. Ele estava por dentro de tudo e comentava com ela cada notícia. Penso que ela fingia escutá-lo, bastando ouvir-lhe a voz, os risos, as indignações.

Em sua solidariedade , creio que captava só o que lhe interessava, mas era "toda ouvidos" e ele, com sua deusa ao lado, era feliz!

(última foto juntos)

Meu pai amava as filhas, tenho certeza absoluta, mas para tudo, primeiro ELA. Sempre, antes, ELA !

Faziam bailes de carnaval em casa e consta que esses bailes não terminavam bem devido ao mútuo ciúme. Esse era o grande desentendimento ! ( que excelente motivo de briga é o ciúme para os casais !) . Ela o acusava de sorrir demais para determinada mulher e ele sempre via algum homem olhá-la demais. Nunca a acusou, no entanto, de corresponder a esses olhares.

(nos bailes de carnaval caseiros)

...que difícil a felicidade conjugal nos tempos que se seguiram, para quem presenciou esse exemplo ! Tudo depois deles me parece competitivo e mercantil ! Uma aura de falsidade e corrupção assolou a família. Os filhos, hoje, não se orgulham dos pais, antes os invejam e competem. Nossos filhos são filhos da concorrência . Assistem olimpíadas de competição entre seus pais; testemunham discursos inflamados no afã de ver quem pode e sabe mais ! O afeto passa pelo crivo da mensuração; pais e mães poluídos contagiam, com sua amargura, a vida desses inocentes, que, não raro, logo ali se tornam desconfiados e sestrosos de vínculos duráveis. Esse modelo, fatalmente, aponta para a dissolução ...."

(praia do Cassino) (Íride aos 20 anos. ) (RUBENS : desportista incurável)

Meu segundo livro,"Psicologia da adolescência", foi dedicado a eles.

(livro que dediquei)

(Eles comigo)

(dedicatória)

(casal Paulo e Túlia. Os melhores amigos !!)

Biografias:

RUBENS GOTUZZO MOREIRA, nasceu em Pelotas Rs, em 1918. Trabalhou no Banco do Brasil. Graduou-se em Ciências Econômicas , sendo docente daUniversidade Católica de Pelotas. Casou com Íride e teve 4 filhas.

Faleceu de acidente de trânsito em 1973, aos 54 anos, em Porto Alegre, para onde havia sido transferido como gerente do Banco Central,

ÍRIDE MARTINS MOREIRA, nascida em Pelotas, RS, em 1921. Casou-se com Rubens e foi sua companheira até sua morte. Sobreviveu a ela com muito esforço, vindo a falecer em 1984, aos 63 anos, após longa enfermidade. Deixou 4 filhas e 9 netos.

(As 4 filhas do casal: Carmen Maria, Maria Inês, Fernanda e Maria Cristina)

11 comentários:

Anônimo disse...

Carmen... emocionante...

Anônimo disse...

Carmencita, voltei aqui e li tudo de novo. Que vontade de te dar um beijo!
"...Laranjeira carregada de laranja boa,
Assim é alguma pessoa..."

COISAS DE CARMEN disse...

Considere-se OSCULADO, selado e lambido, meu irmão !

Anônimo disse...

Deixo aqui registrado que pelo curto espaço que tive convivendo com a filha mais velha deste casal, pude concluir o quanto suas palavras são verdadeiras.
Verdadeiro como o amor dos dois que , infelizmente não me foi dado presenciar nesta vida, mas que prova o quanto se era mais feliz no passado.
À eles, todo meu carinho e gradidão in memorium, por haverem colocado um serzinho tão lindo no mundo, que SEM A MENOR DÚVIDA, foi o primeiro fruto de uma frondosa união que é exemplo de harmonia para a posteridade.

Cristiano

Anônimo disse...

Carmen
Que linda estória. Que grande amor. Senti amor em cada foto, em cada palavra.
Você, minha linda amiga, só podia ser fruto de uma relação bonita.
Fruto bom!
bjx

Anônimo disse...

Dizem que o fruto não cai longe do pé.

lindo ver o teu amor por eles, lindo ver o teu testemunho sobre o amor entre eles.

Emocionante!!!

quero um assim prá mim tb! :)

Beijos!!!

Anônimo disse...

ai Carmencita Carmencita! dizer o quê quando prima a emoção a qualquer palavra incapaz de descrevê-la?
Um abraço com o mesmo orgulho que devem sentir teus pais de onde quer que eles te vejam agora.
te quiero mucho amiga!
Laura

Anônimo disse...

Amiga Carmen, e que orgulho de ser tua amiga!Bateu fundo... O coração acelera, o qu escrevestes, ao ler, para mim é tão real, tirando a pretenção, como foi para ti.
Afinal, vivi dias dentro da tua casa, convivi com esta felicidade dos meus queridos tios, Tia Nini e Tio Moreira. Participei, em Pelotas, de carnavais, de férias de julho e sempre hóspedes de vocês, mas que estava tão inserida na família que de hóspede não tinha nada.
Depois de adulta, casada, com filhos e marido, tinha a companhia da Tia Nini de maneira mais íntima possível. Vários anos, veraneou comigo, melhor, com minha mãe. E, por conseguinte, na minha casa. Saiam as duas para ir à missa e passear pelo Centrinho da praia de Cidreira. Na volta, a Tia Nini trazia frutas, as cestas, ela já tinha comprado na primeira saída.
Sempre tínhamos o que conversar, e a minha afinidade com ela, parecia maior do que com minha mãe, que era bem mais resguardada que ela. Passamos quase 20 dias juntos, fazendo uma viagem de "Belina", pelo interior do RS, entrando pelo Uruguai, Argentina e chegando a Foz do iguaçú e voltando pelo Paraná, Santa Catarina e chegando em Porto Alegre.
Bem, teria muitas outras viagens a comentar e continuar dizendo, a Tia Nini era muito especial, só lembranças boas. Nada a reclamar...
Nunca. Quando doente, já hospitalizada, ligava para mim... "ontem, não vieram aqui, mas hoje vêm, não é?" E lá estávamos nós, eu e a mãe, a Túlia, a velha amiga, para alegrá-la e fazer companhia. Não raras vezes, quem nos alegrava era ela, com sua espiritualidade.
Pois eu sou a filha do casal de amigos de infância, Túlia e Paulo, que aparecem na foto, quando viajaram juntos para o Rio de Janeiro. Festejaram os 25 anos de casados. Só lembranças boas, mas que dá uma saudade danada, lá isso dá.
Parabéns por esta página tão linda. Obrigada pelos meus pais fazerem parte desta história também muito linda. Beijos mil da amiga de sempre.
Tania.

Anônimo disse...

Prezada Carmen.
Neste feriado ensolarado aqui em Porto Alegre, abrir teu blog foi gratificante. Às vezes, a gente também pensa o mesmo que tu, refungiando-se no passado. Mas, pensa que é fantasia. Tu provastes que não é. Eu e a Tania tivemos a felicidade de conhecer teu pai e, eu, mais ainda a tia Nini. Bela pessoa, sem dúvida. Passamos alguns veraneios lá em Cidreira e ela sempre foi uma excelente companhia. Alegre, disposta, mesmo com a doença que, fatalmente, a levaria do nosso convívio. Parabéns. Continuo achando que a Psicologia perdeu uma grande jornalista e escritora... Continuas firme. Mas, por favor, embora a beleza do escrito, ele é nostálgico e nos deixa muitas saudades. Porém, lindo. Mantém a escrita, literalmente, que nela és imbatível. Dentro e fora do blog. O Rio Grande, mais ainda Pelotas, devem estar chorando o que perderam. Mil beijos e abraços do Roberto.

Quarta-feira, Setembro 07, 2005 5:21:09 PM

COISAS DE CARMEN disse...

Minha irmã FERNANDA, me advertiu que minha mãe deixou 10 netos e não 9 como escrevi ! Quem será a pobre criança que exclui ? Fica então registrado que eram 10 netos, cujos nomes são:
-Flávia Soares, Hj Médica
-Rafael Soares, Hj Engenheiro Agrônomo
-Clarissa Enderle-psicóloga
-Letícia Beltrão-Administradora de Empresas
-Felipe Beltrão-advogado
-Rubens Enderle-Professor de Ciências Políticas
- Adriana Beltrão- advogada
-Augusto Beltrão-advogado
-Júlio Palma- estudante universitário
-Eduardo Palma-estudante universitário.
DUAS constatações: Netos muito aplicados minha mãe deixou; não faltam advogados na família !

Anônimo disse...

Oi Dinda! Muito legal tudo isso aqui. Só hoje entrei, mas antes tarde do que nunca. A biografia do vô e da vó foi a coisa mais legal que me lembro de ter lido em muitos anos. Embora me provoque uma sensação de vazio por não ter convivido tanto com eles, é bom saber que parte de mim veio de pessoas como eles. Beijo.