terça-feira, outubro 04, 2005

ÉRAMOS O MÁXIMO !

Não sou afeita a saudosismos, mas como não registrar todo o agito das décadas de 60 e 70, quando se teve o privilégio de sobreviver a elas ?
Não se pode prescindir de imagens e sons para relembrar essa época, pois só com farta ilustração o leitor poderá tentar adentrar nesse

universo de ingenuidade, deslumbramento e hilaridade, às raias da
babaquice !



(visual dos anos 6o e 70)



(modelos de óculos)



(coque tipo BB-Brigite Bardot)









Visual montado com cabeças enormes, estaqueadas proporcionais à ignorância, à alienação e ao cerceamento das idéias e da criatividade.
Quase tudo copiado das telas do cinema americano, ditados por uma revista chamada CINELÂNDIA, leitura obrigatória e tiragem disputada.


Do Brasil, a revista O CRUZEIRO informava a moda e o que era “in” (ver acervo histórico). A postura em voga era a da “pessoa melosa”, super delicada. Até a voz era impostada a fim de parecer frágil, cortez , indefesa, ou, a bem da verdade, “abobada” ! Quanto mais aparentasse um certo retardo, mais fiel ao padrão desejado àqueles tempos; mais engajada, então.



(edição de julho de 1964)




A vida social, ainda que efervescente, era pobre de conteúdo. Com muitas reuniões, muita música, muita gente, mas o papo era irrelevante. Ativismo social exagerado, em substituição a trocas mais profundas.
Muito romance e poesia, sem a devida ressonância interna. Tudo superficial ! Tudo muito dramatizado.

Mais do que vivências significativas e construtivas, os jovens cultivavam “modelos”; as moças protagonizavam papéis de mocinhas românticas e puras, os rapazes deviam ser “rebeldes”. Verdadeiros "rebeldes sem causa".


(debutante)


(veleidades de miss: maillot e pose)








O sonho secreto das moças era ser miss. Comportar-se e vestir-se como elas. Os concursos estavam no auge (ver reportagem) e a irreverência dos trajes de banho (maiôs) era motivo de polêmica nas rodas. Horrendos modelos que desfavoreciam as pernas e a silhueta.


ROBERTO CARLOS despontava timidamente para logo em seguida estourar com a “Jovem-Guarda” (escute minha música preferida, na época, de autoria do então desconhecido Luiz Melodia)

As preocupações da juventude eram predominantemente egocêntricas, com pitadas de falsa religiosidade imposta pelas mães, visando mais o patrulhamento da sexualidade das meninas do que a inculcação de um sentido espiritual para a
vida. Conseqüentemente, as transgressões abundavam, nesse terreno.

DICA: No mesmo site, escute "OLHA", na voz do Rei. Linda até hoje !

Festas simples, mas freqüentes. Bastava uma vitrola, ou eletrola, alguns LPs de rock ou de baladas, Coca-Cola com rum ou com cachaça e a festa rolava em matinês , preferencialmente.
Ray Charles era soberano nas baladas; no rock, Beatles. Dos brasileiros, Cely Campelo, a turma de RC, mais os Vips, temperados com a leveza da bossa-nova. Quem viveu nessa época tem essa musicalidade como patrimônio sagrado.
Pessoa inserida tocava violão (arranhava, pelo menos). Como se conversava pouco, por pura falta de assunto que segurasse o papo, dançava-se muito e sempre ! Sabia-se cantar e dançar muito de tudo e o rádio era onipresente: nas salas, nas cabeceiras e nas cozinhas. (então, imprescindível !) O rádio e o cinema, eram as fontes de informação por excelência.


Nos centros maiores, obviamente as vantagens eram muitas com respeito a informação, pelo menos, pois a TV custou muito a se instalar nas cidades do interior.
Lá no sul, quase no fim do Brasil, tínhamos uma vantagem peculiar: a proximidade com o Uruguai. Todos os fins de semana saiam comboios de ônibus lotados em excursão para
Montevidéu. Um paraíso, com comidas
espetaculares, preços baixos e muito o que ver, comprar, e aprender

(Centro de Montevidéu em 1966-duas amigas e eu. Viagens rotineiras ! )

Depois, em minhas épocas de PUC, já na capital, o arsenal disponível era bem mais avantajado; mais salas de cinema com programação variada,palestras e cursos, grupos de discussão, enfim uma vida acadêmica pródiga, porém politicamente alienada.

A trilha sonora da Universidade era , segundo os meus atentos ouvidos, Chris Montez com sua vozinha infantil repetindo: “The more I see you, the more I want you” ou “ Just friends, loves no more “, ou ainda: “Time after time” .
E a gente feliz, se achando o MAXIMO ! (expressão da época)

PS: Fragmentos de poesias deixadas por "amiguinhos" no álbum para esse fim: ( não usavam dizer o autor)

"Digam de mim o que quiserem, serei sempre o que sou e nunca o que de mim disserem "

"Más facil las holas del mar besarem el firmamiento que tu nombre salir de mi pensamiento"

"Não quero tronos e impérios,

Nem piedade, meu senhor !

Quero um cantinho na terra

Para abrigar o meu amor "

"Amor é como uma seta

Lançada sem direção:

Não tem alvo, não tem meta,

Não escolhe coração"

"Dizem que os olhos não falam

Porém os teus sabem falar,

Todas as bocas se calam,

quando fala o teu olhar"


Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei essa versão remenber, ficou ótima! E os óculos!... Cóia